
Lembrança de Infância: pó mágico da mandioca
Nada mais gastronômico, na minha iniciação na cozinha, do que esta lembrança. Nas férias de julho, quando tinha entre 8 e 11 anos, aprendi na prática como extrair da raiz da mandioca o pó mágico do polvilho e a doce farinha caseira. Geralmente, a gente aprende nos livros que a mandioca vem do Mani, nome da índia, filha do chefe da tribo que morre e é enterrada e neste local nasce uma raiz que recebe o nome de oca. Temos então a mandioca. Assim aprendemos em livros, fábulas,

Delícia de bala
É como numa produção em série, só que o processo é todo artesanal. Enquanto uma calda ferve, a outra já está sendo resfriada. Em poucos minutos, vira uma massa translúcida que em seguida é esticada. Movimentos precisos e firmes dão elasticidade à massa que vai ganhando textura e uma cor branca. Depois de ser esticada pelo menos 150 vezes – e haja braço! –, já é possível perceber os contornos da bala delícia que, após quase duas horas, está pronta pra derreter macia na boca. P

Harmonizando vinhos e comida:
Você não precisa ser especialista para harmonizar vinho e comida, mas precisa experimentar para criar suas experiências gastronômicas e conhecer novos sabores e possibilidades. E se erramos? Sem problemas, pois assim aprendemos. No mundo da harmonização não existem regras de certo e errado. Alguns princípios básicos nos ajudam a ter mais prazer e sentir mais sabor ao tomar um vinho com a comida. Como o paladar é subjetivo, o gosto pessoal deve ser considerado na hora da escol

Ouro branco em pó: o polvilho
Conforme prometido no texto sobre a lembrança de infância, agora contarei sobre o processo do polvilho, um ouro branco extraído da raiz da mandioca. Também faz parte das lembranças da minha infância. Novamente, na Fazenda Capoeira da Serra, e revivo todos os momentos vivenciados lá, toda a lembrança se aviva em meu ser, no paladar, no olfato. Todo o processo se faz da mesma forma: ralador de mandioca, este trabalho era da minha tia e nós crianças nem perto podíamos passar. De

A melhor comida do mundo: desde criança aprecio uma boa comida.
Aprendi a apreciar a boa comida ainda criança. Confesso que o sabor foi aprimorado sob o olhar vigilante de minha mãe. Algumas vezes, meus irmãos e eu torcíamos o nariz pra determinados alimentos, mas bastava uma olhada e já entendíamos tudo. Em pouco tempo, o prato estava vazio e ninguém passava mal por ter sido forçado a comer o que não queria. Quando visitávamos a casa de algum parente e, na mesa posta, havia algo que Dona Joana sabia que talvez não comeríamos, ela passava
PARA COMER BEM
Por Jairo Marques*
As minhas melhores experiências gastronômicas sempre vieram acompanhadas de algo além do prato perfeito, composto de texturas variadas, sabores que se harmonizam e arranjos que cativam os olhos. O comer bem, para mim, exige um maitre que compreenda que o dia de pedir a não da noiva, que esperou por cinco intermináveis anos pelo convite ao altar, tem de merecer uma mesa aconchegante com iluminação capaz de abrilhantar mais o sublime momento do amor. Exige um chef com sorriso f

Gastronomia e a inclusão social:
A partir dos anos 90, a Gastronomia entrou no Brasil pelas mãos de chefes de cozinha oriundos da Europa, mais especificamente da França, que vinham ao Brasil em busca de novos desafios, como explorar produtos brasileiros, principalmente as frutas da Amazônia e Nordeste. Neste período, os saberes culinários, apesar de apreciados, eram desvalorizados pela sociedade brasileira. Aqui não existia mão de obra qualificada para atuar neste mercado que cada vez mais se tornava exigen