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Delícia de bala

  • Ana Medeiros
  • 2 de nov. de 2016
  • 3 min de leitura


É como numa produção em série, só que o processo é todo artesanal. Enquanto uma calda ferve, a outra já está sendo resfriada. Em poucos minutos, vira uma massa translúcida que em seguida é esticada. Movimentos precisos e firmes dão elasticidade à massa que vai ganhando textura e uma cor branca. Depois de ser esticada pelo menos 150 vezes – e haja braço! –, já é possível perceber os contornos da bala delícia que, após quase duas horas, está pronta pra derreter macia na boca.


Produzida em São Sebastião das Águas Claras, ou simplesmente Macacos, distrito de Nova Lima, a 25 quilômetros de Belo Horizonte, as balas delícia de Carlos Alberto de Melo, o Xorú, adoçam a boca não só dos mineiros, mas também de paladares de várias partes do mundo. Turistas que visitam a região, atraídos pelas belezas naturais, ar fresco e a boa comida mineira, não vão embora sem passar pela fabriqueta de Xorú para levar uns potinhos dessas guloseimas. E uma delas caiu no gosto de um Chef de cozinha internacional, o francês Olivier Anquier, que comanda o programa “Diário do Olivier”, do canal fechado GNT. Alguém levou para o Olivier uma bala com recheio de milho verde, canela e leite condensado – humm! O francês gostou tanto que veio conhecer o processo de fabricação. Como bom mineiro,Xorú mostrou todas as etapas. Depois de o programa ser exibido na TV e até nos Estados Unidos, o resultado foi o aumento das encomendas, e o telefone não parou mais. “Até hoje as pessoas ligam muito, tenho de mandar bala pra São Paulo, recebi telefonema de Manaus, Mato Grosso, Santa Catarina, Paraná.. tem uns gaúchos que estão hospedados na pousada aqui e viram o programa”, comentou Xorú comemorando os doces lucros.


Ex-motorisa de um SPA em Macacos, Carlos fez da bala delícia o carro chefe da renda familiar. Largou tudo pra se dedicar à fabricação das balas, aprendeu com um amigo, que não sabia como vender. “O Ricardo me ensinou. Depois de três meses, ele foi embora, nunca mais o vi, aprendi e continuei”, contou Xorú. Desde que tudo começou, já se passaram três anos. Ele aperfeiçoou algumas técnicas e criou uma infinidade de recheios: chocolate, damasco, nozes, maracujá, coco, ameixa, jabuticaba, goiabada, limão, avelã com chocolate, morango... é só dizer qual deseja e ele testa a receita! São mais de 20 opções.


É uma fabricação que exige tempo e dedicação. O leite de coco é feito 36 horas antes de começar a produção da bala, e o recheio um dia antes do preparo da calda. Na panela, leite de coco e açúcar refinado. E tem de ficar de olho pra não perder o ponto. “Vejo no olho, a calda me responde no miolo quando tá no ponto”, declarou Xorú ao explicar quando é hora de tirar a calda e levá-la para a mesa, para ser resfriada com a ajuda de um ventilador. Agora, começa a etapa decisiva, esticar a massa para chegar ao ponto de bala. “Se não fizer direito, pode açucarar”, foi o que aconteceu com as balas feitas por uns ajudantes de última hora, amigos do fabricante que apareceram num domingo para conhecer o processo.


Hoje o baleiro trabalha com quatro pessoas, faz entregas locais e recebe encomendas. “Graças a Deus tá aí, tá caminhando pelo mundo, se produzir mil potes dia, vendo os mil potes e ainda falta”, contou Xorú. Segundo ele as balas já foram enviadas para Turquia, Itália, EUA, Alemanha, Suíça e estão espalhadas pelo Brasil. Por isso a produção começa cedo, por volta das 6 horas da manhã e vai até o fim do dia. “Já cheguei a pegar às 5 da manhã e parar às 8 da noite. Dá trabalho, mas massageia o ego quando as pessoas põem a bala na boca e falam: ‘que delícia!’”. Impossível não se encantar com a doce e aconchegante Macacos.

 
 
 

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